Quando chegamos ao castelo de conde Vladmir, fiquei admirada! Um exército numeroso de székelys cercava a fortificação, acampados e refestelando-se com sua ração de pão, carne de porco e vinho. À medida que cavalgávamos lenta e tacitamente entre os homens, eles olhavam para mim e diziam: "_Irina, Irina!..." _Sua reação era de admiração e respeito, embora alguns demonstrassem medo. Não foram poucos os que se levatantaram quando da minha passagem. "_Irina!..." _cumprimentavam sempre.
Não demorou para que os homens nos cercassem e parassem nossa caminhada. Foi quando, guarnecidos por uma pequena comitiva, vieram Nicolae e Mihail. Sorriram ao me verem e saudaram com alegria:
_Irina! _gritou Nicolae.
Desapeei e fui ao seu encontro. Com lágrimas nos olhos o abracei. Em seguida, abracei Mihail. Fui até sua tenda de guerra e eles me atualizaram sobre os acontecimentos. Mika começou:
_Retomamos nosso castelo e o poder sobre nossa comuna. Os soldados de Sigismond não mais entram em Somlyó. Já há dois dias estamos cercando conde Vladmir, presumimos que ele cairá ainda hoje.
_E as tropas do príncipe, por que não vêm em socorro ao conde? _indaguei desconfiada.
Nicolea respondeu:
_Não sabemos direito. Fomos informados de que um batalhão vinha para cá, mas até agora eles não deram o ar de sua desgraça! _e riu-se.
_Isso é estranho. _respondi. _Perder a comuna para seus legítimos habitantes é uma coisa, deixar seu principal entreposto à mercê do inimigo é o oposto da estratégia.
Mika interferiu:
_Pouco importa, I. Estamos a um passo de acabar com o conde e de libertar nosso país das garras dos infiéis e de Sigismond. Pedimos então que fique conosco e nos ajude.
_Ficarei. _prometi pondo minha mão sobre a dele.
Após nossa conversa, comemos e bebemos e folgamos com os demais homens. Quando me perguntavam se era vampira, respondia brincando: "_Com certeza beberia o sangue de conde Vladmir!", "_Acho que Sigismond é que é vampiro, vejam o quanto ele gosta de sangue!" _era algumas das respostas que eu dava.
Após a folga, chamei Mika à parte e lhe disse:
_Diga aos outros que fui me deitar. Entrarei no castelo da forma como você sabe e verei como poderemos entrar.
_Sim!... _respondeu Mika abrindo um imenso sorriso, quase não se contendo de satisfação.
Mika fez o que combinamos e tive sossego para sair de meu corpo. Meus homens vigiavam a entrada de minha tenda, para que ninguém atrapalhasse minha missão. Sai rapidamente, sob a forma de raio luminoso. Diante do castelo, transformei-me em névoa e entrei pelas frestas dos portões. Lá dentro, as almas dos soldados mortos choravam e batiam nas paredes de pedra, sem aceitar seu cruel destino. Muitos amaldiçoavam o conde. Sua revolta contagiava o espírito dos soldados vivos, que discutiam entre si a possibilidade de um motim, seguida não só de uma rendição, mas de uma adesão aos székelys. Enquanto observava as defesas e entradas do castelo, decidi que não aceitaria o apoio destes homens. Quem trai uma vez, trai a segunda!
Abrir os portões por dentro seria tarefa fácil, o que me preocupava era como poria nosso exército para dentro sem maiores resistências. O caminho a seguir veio à minha mente com facilidade: eu encantaria os soldados, excitando-lhes o desejo sensual, em seguida, abriria os portões. Avisaria então a meus demais e eles avisariam à Mika. Começaríamos então a invasão.
Comecei então a excitar-me, respirando forte e ofegante _como na hora da cópula! _irradiando minha luxúria. Os sentinelas começaram a se sentir excitados, lembrando de mulheres e momentos lascivos. Muitos massageavam seus membros sob as calças. Os mais afoitos punham-nos para fora e manipulavam sem nenhum pudor. Os que dormiam, sonhavam com cópulas ardorosas. Os pederastas se escondiam em recantos e sombras, entregando-se à felação e à sodomia.
Assim, absortos em sua lascívia, não perceberam quando destravei os portões e os entreabri lenta e suavemente, deixando uma brecha considerável para a entrada de nossos homens. Ri-me quando vi um dos soldados arregalando os olhos, ao se deparar com os portões se abrindo "sozinhos". Para que não causasse problemas, soltei um leve sopro e o fiz dormir. O pobre tombou no chão ainda segurando seu membro, que masturbava. Rindo-me pensei:
_Nem os gregos, com seu cavalo de madeira, foram tão eficiêntes ao adentrarem os portões de Troia!...
Sem mais demorar-me, voltei rapidamente à tenda, sob a forma de faixo de luz. Mentalmente, dei ordem à Mircea para que preparasse Agathon. Quando sai da tenda, meu lindo corcel já me esperava selado. Mentalmente, disse a meus companheiros: "_Sigam para Somlyó! Observem qualquer coisa incomum ao longo do caminho e quando chegarem lá também. Avisem-me então imediatamente de tudo o que se passa!". Desgostosos eles perguntaram quase ao mesmo tempo: "_Tememos por você Irina! Como saberemos que sobreviverá?!...". Simplesmente respondi: "_Confiem em mim!..." _e sorri. Montei então em Agathon e parti. De repente, em minha mente veio a imagem do jovem Mózes Székely. Constatando que podia usá-lo como álibi, o encantei à distância, sussurrando em seus ouvidos:
_Mózes... Mózes, meu soldado, monte seu cavalo e vá para o castelo!...
Como que possuído pela pela paixão e pelo desejo carnal, alucinado ele largou o jogo de cartas _onde levava vantagem contra seus amigos _montou em seu cavalo e partiu. Ri-me ao visualizar o espanto de seus companheiros com sua inesperada atitude:
_Mózes! Mózes! Aonde está indo seu blefador?! _chamava o jovem Ádám.
Nos ouvidos de Mózes, eu continuava ordenando:
_Vá para o castelo e aguarde em frente aos portões! Faça isso, meu bravo soldado!
Mentalmente, pedi à Florin para que avisasse à Mika que tivera sucesso em minha empreitada e que ele já podia reunir a tropa, pois o aguardava a meio caminho, já pronta para o combate.Uma vez avisado, Mika reuniu os homens e me encontrou esperando a meio caminho, como lhe prometera. Tendo os
székely reunidos diante de mim, desembaainhei minha espada e disse:
_Székelys!... O jovem Mózes conseguiu entrar no castelo e abrir seus portões! Fez isso com destreza e bravura, demonstrando que merece o nome que tem! Ele nos aguarda diante dos portões e devemos nos apressar, antes que os sentinelas se dêem conta do que se passa... e cortem sua jovem cabeça!... Aqueles que forem székelys que me sigam!...
Ergui minha espada e ouvi o grito fervoroso dos guerreiros!