Nicole Kidman em Moulin Rouge.
Na noite seguinte, Oanna mandou que eu vestisse um lindo vestido branco, pois iría dar uma festa, uma recepção para alguns velhos amigos. Pensei que iria conhecer mais vampiros, porém, ainda no alto da escada, me espantei em ver homens sãos adentrarem à sala. Por conta disso, desconfiada, não desci. Eles contavam em número de cinco, visivelmente um grande burguês e sua pequena comitiva. Ele era gordo, tinha grandes bigodes castanhos e trajava-se com estravangância, trazendo um imenso casaco de pele de urso sobre as costas, mais um grande medalhão banhado à ouro pendendo no peito. Foi recebido com muita gentileza por Sanziana e Steliana, e com muita deferência por Oanna. Ele lhe beijou a mão, cavalheirescamente e a saudou com carinho:
_Oanna! Quantas saudades, minha condensa! _disse ele em romeno, com um inconfundível sotaque russo, que eu reconhecia muito bem, pois era assim que mamãe falava.
_Oanna! Quantas saudades, minha condensa! _disse ele em romeno, com um inconfundível sotaque russo, que eu reconhecia muito bem, pois era assim que mamãe falava.
_Eu que o diga, Liev. Pensei que havia nos abandonado. _respondeu Oanna com sua polidez de coquete.
_Jamais, minha condensa, jamais! _respondeu o gordo Liev, enlaçando o seu braço no dela e batedondo-lhe levemente a mão, como a querer tranquilizá-la.
Oanna olhou para sua comitiva e repreendeu-o com delicadeza:
_Não vai nos apresentar seus companheiros de viagem?
_Claro que sim, minha dama, claro que sim!...
Ele então apontou para um homem calvo, também de bigodes, aparentando trinta anos, e disse:
_Este é Sergey, meu contabilista.
_Grato por conhecê-lo, senhora! _comprimentou-a Sergey, curvando-se levemente.
_Os outros três _continuou Liev _são Yuri, Leonid e Alexander, meus gaurda costas.
Oanna fitou os jovens e fortes guardas com os olhos cheios de gula lasciva e comentou:
_Vejo que está sempre mudando os guardas de sua comitiva, meu grande amigo.
_Sou exigente, minha condensa. E apesar de não ser um voivoda, acho que um exército tem de estar sempre se renovando.
_Oh, sim... e vejo que tem faro para encontrar homens fortes... _disse Oanna já cheia de luxúria, arranhando o peito de um dos guardas de Liev, com suas longas unhas.
Visivelmente enciumado, Liev a puxa com certa amabilidade e responde:
_Er... sim, de fato... eee... Mas... gostaria de sentar-me e beber alguma coisa, minha amada condensa...
_Oh, sim!... Que mal educada sou!... _desculpou-se Oanna, ainda olhando com luxúria para os guardas.
_Quê isso, minha jóia!... _perdoou-a Liev.
Oanna então levou o gordo comerciante e seu contador para a sala de jantar e ordenou às criadas para servirem imediatamente os guardas na cozinha. Em seguida, ouvi-a perguntar claramente à Dorotheea:
_Onde está Irina? Por que não desceu?
_Deve estar atrasada, se arrumando, senhora. Vou subir e apressá-la.
_Não!... _a deteve Oanna. _Deixe que eu mesma vou. Sirva vinars aos meus dois convidados.
_Sim, senhora.
Oanna então, desculpou-se do comerciante e seu funcionário e apressou-se em subir a escada, já me encontrando no alto. Foi até mim e questionou:
_Por que esta indelicadeza com nossos convidados?
_Não me disse que receberia homens sãos.
_Sim, mas... qual o problema nisso? Eles não conhecem sua família, são mascates, vieram direto da Rússia e vão retornar em breve, você não tem motivos para temer.
_O que quer de mim... sua cafetina? _inquiri, rilhando os dentes.
_Apenas que seja educada e que saiba que... se quiser vencer seus inimigos... precisará ter aliados, mesmo entre os mais insignificantes mortais.
_Eu não sou uma prostituta!... _irei-me.
Oanna soltou uma leve gargalhada. Em seguida rebateu:
_Quem era a mais voluptuosa e célebre vampira da floresta, Irina? Pode me responder?... Ou será que terei de relembrar seu recente passado ao lado da vampira grega.
Calei-me sem argumentos, mas mantive minha indignação. Ela continuou:
_Todas somos prostitutas, Irina! Todas somos!... Você sabe disso. Se não fôssemos... por que estaríamos aqui agora... amaldiçoadas?!...